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  • Foto do escritorTaise Spolti

Como relacionamentos tóxicos afetam seu comportamento alimentar


Para quem precisa se adequar ao ritmo de um lar, de um relacionamento, de uma rotina especifica a dois, três, família grande, sabe: é difícil. Uma coisa é você adequar o seu horário de tomar banho, escovar os dentes ou sair para trabalhar, outra coisa é você modificar os rituais que englobam o ritmo da casa ou do relacionamento para que consiga seguir uma rotina saudável, uma dieta especifica.

O marido que compra bolo pra esposa, o namorado que chega em casa com pizza e refrigerante, a namorada que prefere o pacote de balas do que um biscoito integral, ou então aquele que reclama da sua ausência quando você vai para a academia: "De novo?", "Tá bom assim", "Prefere ir pra academia do que ficar comigo?", "Deve ter uma pessoa interessante nessa academia para querer ir tanto".

Eu já presenciei todas essas falas e muitas outras piores quando um paciente me relata que não consegue seguir uma dieta especifica, já que em casa não consegue fazer boas escolhas, ou que sempre que está conseguindo ir bem, um membro da casa pede delivery ou cozinha algo sem pensar no bem-estar de quem está seguindo o plano alimentar.

O relacionamento tóxico está em todas as esferas, e quando a ponta do opressor é mais forte que a ponta de quem é oprimido, geralmente, além da saúde mental, lá se vai a saúde física. São provas de amor exigidas a todo instante sem que você perceba que está se deixando de lado para que o outro se sinta bem, forte, dominante e, por que não, mais bonito do que você (aos olhos dele).

Quando você percebe, o tempo passou, sua saúde dá sinais de que algo está errado, seu corpo mudou, você não se enxerga mais como antes, e possivelmente você começa a dar mais atenção aos detalhes do relacionamento tóxico que tem.

Não, não é incomum. Quando um de nós não coloca limites, damos uma liberdade que vai muito além do amor, damos liberdade para que nosso físico e nosso mental possam ser destruídos sem que percebamos.

Preste atenção aos detalhes:

  • Não gosta que você vá para academia;

  • Diz que te ama do jeito que você é, porém julga suas roupas, diz que determinadas peças de roupa não lhe caem bem, ou que você precisa esconder certas partes do seu corpo para o agradar;

  • Sabe que você está em reeducação alimentar, porém todos os dias lhe oferece pizza, refrigerantes, pede para que você cozinhe coisas que você não pode (ou escolheu) comer;

  • Nunca aceita sair para jantar fora se não for no restaurante de sua preferência, e ainda critica se você pede uma salada ou algo mais leve;

  • Ao estar com amigos e amigas, faz sua escolha ser vista como piada;

  • Brinca com suas dificuldades alimentares;

  • Usa frases como "Se é pra ficar reclamando da dieta, não sei porque está fazendo", "Se está ruim, para com isso", "Está demorando para dar resultado isso aí";

  • Diminui seus esforços ao dizer que, se fizer junto ou algo parecido, irá ter muito mais resultado que você;

  • Presenteia você com comida, mimos, doces, e caso você não coma, lhe critica dizendo que você é ingrato ou mal educado por não dar valor à sua atitude ou carinho.

Os exemplos seguem uma lista gigante, e mesmo que não haja resquícios de um relacionamento abusivo, essas atitudes são conhecidas por serem tóxicas, inviabilizam a sua escolha saudável, pois bloqueiam as principais ações que lhe favorecem o equilíbrio e a saúde: alimentação, atividade física e bem-estar em casa.


O que fazer se você estiver passando por momentos assim:


Determine limites. Verbalize em tom seguro e confiante que, daquele momento em diante, você irá passar por um processo de autocuidado, que você tomou uma atitude voltada a sua saúde física e mental, e que espera que essa pessoa lhe respeite e lhe ofereça apoio. Quando se trata de uma mãe, dona de casa, com filhos, sabemos que será mais difícil essa imposição de limites, mas de começo, já um grande passo.


Organize sua rotina. Isso é importante para que você não dependa de terceiros para que seu plano dê certo. A terceirização de tarefas deve ser feita para as coisas que podem ajudá-lo a ser mais livre, ter mais tempo livre para realizar as suas tarefas individuais e que irão levá-lo para frente. Deixar de preparar sua refeição para levar ao trabalho, separar o lanche na bolsinha térmica e preparar com cuidado sua suplementação pós-treino em um dia corrido são atitudes que não devem ser deixadas de lado porque precisa passar no supermercado e comprar algo que seu parceiro esqueceu.

Não deve ser deixada de lado a sua organização do dia para cuidar dos afazeres de outro adulto que tem as mesmas responsabilidades e capacidades que você. Em um relacionamento, ou em uma família, cada um tem o seu papel, e você deve saber exatamente qual o seu papel, para poder delimitar até onde o parceiro ou parceira poderão exigir de você. Tarefas a mais para você resultam em tempo escasso para si mesmo, e mais tempo livre para o outro.

Isso faz parte daquilo que conhecemos como se colocar em primeiro lugar.

Quem está com uma rotina organizada dificilmente será pego de surpresa no dia a dia, e mesmo que haja percalços de rotina, você estará com tempo hábil para voltar a organizar o que lhe falta.


E como lidar com a alimentação da casa?

Se o primeiro passo que você deu foi para mudar algo em você, na sua saúde e bem-estar, tenha certeza que com o tempo o seu exemplo arrasta outras pessoas para perto, e não para longe. Seus filhos sairão ganhando com uma alimentação e uma rotina mais saudável, isso é indiscutível: cuidar da saúde dos filhos é regra, fazer o contrário é negligência.

Quanto ao parceiro ou parceira, logo logo mudará também. E se caso seja realmente difícil ganhar essa batalha, repense se vale a pena sua saúde física e mental para estar ao lado de quem não quer vê-lo saudável.

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